O ombro é a articulação com maior amplitude de movimento do corpo humano — e justamente por isso, também é uma das mais vulneráveis à instabilidade. Muitas pessoas sentem que o ombro “sai do lugar” com facilidade, ou têm insegurança para realizar certos movimentos com o braço. Esse quadro pode estar relacionado à chamada instabilidade do ombro.

Neste artigo, explico de forma clara o que é essa condição, como identificar os sinais de alerta e quais são os caminhos mais indicados para o tratamento.

O que é instabilidade do ombro?

A instabilidade do ombro ocorre quando a articulação perde a capacidade de manter a cabeça do úmero (osso do braço) firmemente encaixada na glenoide (estrutura da escápula). Isso pode causar dor, sensação de deslocamento, episódios de luxação ou subluxação (quando o ombro quase sai do lugar, mas retorna sozinho).

Essa condição pode ser dividida em três tipos:

  • Instabilidade traumática: causada por uma lesão direta ou queda, geralmente acompanhada de uma primeira luxação.
  • Instabilidade atraumática: relacionada à frouxidão ligamentar ou desequilíbrio muscular, sem um trauma claro.
  • Instabilidade multidirecional: o ombro se desloca em mais de uma direção, com frequência e sem necessidade de grande esforço.

Quais são os principais sintomas?

Os sinais mais comuns da instabilidade do ombro incluem:

  • Sensação de que o ombro está “solto” ou pode sair do lugar
  • Episódios repetidos de luxação ou subluxação
  • Dor durante atividades que exigem levantar ou girar o braço
  • Fraqueza ou insegurança para carregar peso
  • Restrição de movimentos em tarefas do dia a dia ou no esporte

Em alguns casos, a pessoa aprende a “recolocar” o ombro no lugar sozinha após uma luxação — o que é sinal claro de instabilidade crônica.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico começa com uma avaliação detalhada do histórico do paciente: quando começaram os episódios, se houve trauma, quais movimentos geram sintomas. Em seguida, o exame físico ajuda a identificar sinais de frouxidão, instabilidade ou dor provocada por determinados testes.

Exames de imagem também são fundamentais:

  • Ressonância magnética: avalia lesões ligamentares, do lábio glenoidal ou do manguito rotador.
  • Radiografias: ajudam a visualizar eventuais lesões ósseas ou alterações na articulação.

Cada caso exige uma análise individualizada, considerando idade, nível de atividade e impacto dos sintomas na rotina.

Quais são os tratamentos disponíveis?

O tratamento depende da causa e da gravidade da instabilidade, podendo ser:

Tratamento conservador

Recomendado principalmente em casos sem lesões graves ou quando o paciente tem instabilidade leve:

  • Fisioterapia para fortalecimento da musculatura estabilizadora (principalmente o manguito rotador)
  • Correção de padrões de movimento
  • Ajustes posturais e treinamento de propriocepção (consciência corporal)
  • Adaptação de atividades

Com o tratamento adequado, muitos pacientes conseguem estabilizar o ombro e evitar novos episódios de luxação.

Tratamento cirúrgico

Indicado quando:

  • Há lesões ligamentares ou ósseas associadas
  • O ombro sai do lugar com frequência
  • O tratamento conservador não resolveu
  • O paciente deseja retornar a esportes com exigência alta do ombro

O procedimento mais comum é a artroscopia para reparo do lábio glenoidal (Bankart). Em casos mais complexos, pode ser necessário o uso de técnicas como a cirurgia de Latarjet, que envolve enxerto ósseo para maior estabilidade.

Qual é o tempo de recuperação?

Após a cirurgia, o paciente costuma ficar com o braço imobilizado por algumas semanas, seguido de reabilitação fisioterapêutica. A recuperação completa leva de 4 a 6 meses, dependendo do tipo de lesão e da resposta ao tratamento.

Durante esse processo, é essencial seguir todas as orientações para garantir um retorno seguro e definitivo às atividades.

Conclusão

A instabilidade do ombro não deve ser ignorada. Quando não tratada, pode levar a episódios repetidos de luxação, lesões mais graves e comprometimento funcional da articulação.📞 Se você sente que seu ombro sai do lugar com frequência ou tem insegurança para realizar movimentos, agende uma avaliação. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para restaurar a estabilidade e evitar complicações futuras.

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